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Monitoramento do Instituto Pró-Carnívoros e da ENGIE Brasil Energia evidencia presença de onças e espécies ameaçadas na Caatinga baiana

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Panthera Programa Amigos da Onça

Estudo atualiza dados sobre grandes felinos no Boqueirão da Onça, reforça sua importância ecológica e alerta para pressões sobre a fauna silvestre

Entre março e maio de 2025, o Programa Amigos da Onça (PAO), do Instituto Pró-Carnívoros, em parceria com a ENGIE Brasil Energia, realizou uma campanha de monitoramento em uma região de serras conhecida como Boqueirão da Onça, no norte da Bahia. O objetivo foi registrar a ocorrência de onças-pintadas (Panthera onca), onças-pardas (Puma concolor) e de suas presas naturais, além de avaliar as condições ecológicas da região para a conservação desses grandes felinos. Ao todo, foram identificadas 24 espécies de mamíferos de médio e grande porte, sendo 21 silvestres e três domésticas. Oito espécies silvestres registradas estão ameaçadas de extinção em diferentes níveis. A presença de fêmeas com filhotes entre os grandes felinos reforça a importância da região como área reprodutiva e funcionalmente ativa, contribuindo para a manutenção da biodiversidade da Caatinga.

A divulgação dos resultados coincidiu com a Semana Internacional da onça-parda (também conhecida como suçuarana) de 25 a 31 de agosto, iniciativa global que celebra a importância ecológica da espécie e reforça a necessidade de ações integradas para sua conservação em diferentes biomas.

Para alcançar esses resultados, a equipe instalou 40 armadilhas fotográficas por 80 dias, em pontos estratégicos da Área de Proteção Ambiental (APA), do Parque Nacional (ParNa) do Boqueirão da Onça e na região de influência dos conjuntos eólicos Umburanas, Campo Largo I e II, operados pela ENGIE Brasil Energia. Esses equipamentos, fixados em árvores e ativados por sensores de movimento, registraram fotos e vídeos valiosos da fauna local. Além das onças, foram registrados outros carnívoros, como a jaguatirica (Leopardus pardalis) e o gato-do-mato (Leopardus tigrinus), assim como espécies que fazem parte da dieta desses grandes felinos, como o mocó (Kerodon rupestris), preá (Galea spixii), cutia (Dasyprocta nigriclunis), cateto (Dicotyles tajacu), queixada (Tayassu pecari) e veado-catingueiro (Subulo gouazoubira). 

Apesar dos resultados positivos, esse levantamento também acendeu um alerta: foi registrada a presença recorrente de cães e bovinos circulando pela área monitorada, evidenciando a ocupação de habitats naturais e os riscos à fauna nativa — seja por competição direta ou pela possível disseminação de doenças. Há de se enfatizar o fato de que a presença de pesquisadores e câmeras inibe a atuação de caçadores de espécies nativas na região — prática esta que representa um dos principais impactos sobre os mamíferos da Caatinga. 

Para 2026, a parceria entre ENGIE e o Instituto Pró-Carnívoros deve seguir com as ações de monitoramento e envolvimento comunitário, reafirmando o compromisso com a proteção da fauna da Caatinga e o fortalecimento das relações humanas com a natureza. As atividades também incluirão ações de conscientização sobre os impactos da caça ilegal, buscando engajar moradores locais na valorização da biodiversidade.

O Boqueirão da Onça permanece como uma das últimas áreas da Caatinga capazes de sustentar populações viáveis de onça-pintada e onça-parda. Nesse contexto, o monitoramento contínuo e padronizado dessas espécies, aliado à identificação de pressões e à implementação de estratégias concretas de conservação, é fundamental para garantir a proteção da biodiversidade e dos processos ecológicos associados. A iniciativa reafirma a importância de integrar esforços científicos, institucionais e comunitários na formulação de políticas públicas, no manejo adaptativo da paisagem e na construção de estratégias de conservação baseadas em evidências.

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