Cadeias produtivas e bioinsumos posicionam a região no cenário global de desenvolvimento verde
A Amazônia vem ganhando protagonismo no debate sobre o futuro da indústria e da sustentabilidade no Brasil. Com uma biodiversidade única e potencial para gerar soluções de alto impacto social e ambiental, a região foi o foco do encontro Diálogos Amazônicos, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O evento reuniu especialistas para discutir como transformar os recursos naturais da floresta em ativos econômicos sustentáveis.
Entre os participantes estavam Júlia Cortez da Cunha Cruz, secretária de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e Márcio de Miranda Santos, diretor-geral do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA).
Segundo Júlia Cruz, o Brasil precisa agir de forma estratégica na transição energética e na descarbonização da indústria. “A mudança climática já é uma realidade e temos pessoas sofrendo seus efeitos. Por isso, é fundamental aproveitar nossas vantagens históricas, como a matriz energética limpa e a tradição em biocombustíveis”, afirmou.
A secretária destacou que a criação da Secretaria de Economia Verde busca consolidar políticas que unam sustentabilidade, desenvolvimento e inclusão. “Nosso projeto de desenvolvimento é verde, mas também social, voltado para a redução das desigualdades regionais e a distribuição dos benefícios da bioeconomia.”
Entre as iniciativas apresentadas estão programas para fortalecer cadeias produtivas de açaí, cupuaçu, babaçu e castanha, com apoio do BNDES e do SEBRAE. As ações incluem o lançamento de um catálogo de maquinário para cooperativas, capacitação técnica e inserção no mercado.
Márcio Miranda destacou o papel do CBA como articulador da bioeconomia na região. “Estamos transformando pesquisa e inovação em dinamismo econômico, abrigando startups, desenvolvendo bioinsumos e promovendo negócios baseados na biodiversidade amazônica”, explicou.
Entre os projetos em andamento estão o desenvolvimento de bioplásticos, bioinsumos agrícolas e o uso de fibras amazônicas, como o curauá, de alto potencial industrial. “Há grandes oportunidades no uso de microrganismos para substituir fertilizantes químicos, restaurar solos e capturar carbono — tecnologias estratégicas para soberania alimentar e mitigação climática”, completou.
Os debatedores também reforçaram a necessidade de infraestrutura, logística, energia e conectividade para consolidar o desenvolvimento sustentável da região.
O evento Diálogos Amazônicos reforça o compromisso do Brasil em posicionar a Amazônia como centro de uma economia verde, inclusiva e inovadora, capaz de gerar emprego, renda e liderança global em sustentabilidade.








